Líder da oposição israelita considera ocupação de Gaza uma "péssima ideia"

O líder da oposição israelita, Yair Lapid, defendeu hoje que o plano do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que visa a ocupação total da Faixa de Gaza "é uma péssima ideia".

Lusa /
Amir Cohen - Reuters

Depois de se reunir com o chefe do Governo em Jerusalém, Lapid afirmou que transmitiu a Netanyahu que "a maioria das pessoas não o apoia" nesta iniciativa em relação ao enclave palestiniano, onde decorre uma ofensiva militar há quase dois anos contra o grupo islamita palestiniano Hamas.

"O povo de Israel não está interessado nesta guerra. Pagaremos um preço elevado por isso", escreveu na rede X, após o encontro.

Lapid, que cumpriu um breve período como primeiro-ministro em 2022, sustentou que "em vez de uma ocupação e anexação desnecessárias", Israel devia "atrair o Egito para Gaza, para que haja outro governo a gerir [o território]", enquanto as forças israelitas estariam concentradas "no que é importante, que é eliminar o Hamas".

Netanyahu deverá reunir-se com o seu gabinete de segurança na tarde de quinta-feira para aprovar os seus planos de assumir o controlo de toda a Faixa de Gaza, apesar de uma suposta oposição do comando militar israelita.

Na terça-feira, o gabinete do primeiro-ministro afirmou que "as Forças de Defesa de Israel [IDF] estão preparadas para implementar qualquer decisão tomada pelo gabinete político e de segurança", após uma reunião de cerca de três horas entre Netanyahu e o chefe do Exército, Eyal Zamir.

As forças armadas estão relutantes em operar em locais onde estão a ser mantidos reféns pelo Hamas por temerem que as milícias palestinianas os executem à medida que as tropas avançam, como aconteceu no final de agosto de 2024 com seis pessoas em cativeiro, cujos corpos foram encontrados em 01 de setembro desse ano.

De acordo com a emissora pública israelita Kan, a liderança militar acredita também que a ocupação de toda a Faixa de Gaza levará a um aumento significativo do número de baixas dos militares de Israel.

Além das dúvidas dos militares, o tema também parece provocar divisões no Governo e o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Saar, expressou na terça-feira o seu apoio a Zamir nas redes sociais.

"O chefe do Estado-Maior deve expressar a sua opinião profissional de forma clara e inequívoca à liderança política", escreveu o chefe da diplomacia israelita.

O conflito na Faixa de Gaza foi desencadeado pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde perto de 1.200 pessoas morreram e cerca de 250 foram feitas reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar no território, que já provocou mais de 61 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do enclave e a deslocação de centenas de milhares de pessoas.

Além disso, o enclave tem estado sujeito a um bloqueio por Israel, acumulando-se relatos de fome entre a população, que foi agravada pelo afastamento das agências da ONU e organizações não-governamentais de ajuda humanitária.

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